quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

O FIO DO TEMPO
O pior dos sinais
1. Na revista alemã Der Spiegel (19 Dezembro) o filho do líder da oposição ao actual presidente do Irão desapareceu. Esta situação incerta de Mir Hussein Moussavi faz parte de todo este “barril” de tragédia de uma das zonas mais inseguras do planeta. Diz nessa entrevista o filho do líder oposicionista que o seu pai está pronto para o «martírio» e que o caso dessa dolorosa consumação pode gerar «consequências catastróficas». As primeiras horas do ano além de notícias festivas deram-nos ecos de violências enraizadas em fundamentalismos de tensão incalculável. Quando da grande manifestação chamada «Ashura», onde três milhões de muçulmanos enchem as ruas da cidade santa Kerbala a celebrarem com autoflagelação, tambores e sangue, a principal cerimónia xiita (que canta em nome do martírio de Husssein no ano 680, neto de Maomé), criou-se o cenário favorável para a manifestação da oposição ao líder iraniano.
2. A manifestação tem por razão a suspeita da fraude eleitoral na reeleição a 12 de Junho do presidente do Irão. O chefe do poder judiciário iraniano, chamando de «arruaceiros» à oposição, prometeu «julgamentos rápidos e contundentes» aos responsáveis pelos distúrbios que perturbaram as festas e querem ferir o “normal” funcionamento da república islâmica. Dos acontecimentos, centenas de presos e muitos mortos, como o normal no meio de toda a (respeitosamente, mas) anormalidade intolerante, onde o difícil será chegar à raiz, à origem, à fonte primeira do fanatismo que não respeita as diferenças do outro, este um dos problemas fulcrais que o século XXI, a bem ou a mal, terá de resolver. A notícia mais recente diz que os julgamentos estão para breve. Retemos na memória as cruas palavras do líder religioso do Irão que há alguns dias sublinhou que os protestos do dia sagrado da Ashura merecem a acusação de «mohareb» (inimigos de Deus), crime que a jurisprudência iraniana castiga com a morte.
3. Quando chegará ao fim o rastilho intolerante? Que se diga bem alto, Deus não tem nada a ver com o campo de batalha. Quando o deixa o interesse humano que Ele “saia” daí?

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