O FIO DO TEMPO
Fermentar Esperança
1. Uma boa parte dos diagnósticos está feita. O caminho que conduziu à crise (financeira, económica, social…) de sociedade actual vai-se descortinando do amplo novelo de redes que tudo liga. A tendência humana com facilidade esvai-se mais para o discursivo que para o ser pró-activo do compromisso histórico de todos. Dos dinamismos mais impressionantes que pode resgatar do pessimismo é a esperança; mas esta não existe por si, tem raízes profundas que escapam às fórmulas e às coisas utilitárias. O tempo de primavera comunica-nos esse imperativo do melhor para o futuro, renovação da natureza que reflecte uma lei de novidade infinita que tudo envolve.
2. Para o olhar que quer dar um significado estimulante à história e o sentido essencial à vida, tal como o fermento na massa, as cores da esperança são um sim decisivo ao amanhã. As entranhas do nosso ser, quando assentes nessa raiz do novo amanhecer, despertam-nos, na ideia e na realização, não só para anunciarmos teoricamente mas para sermos concretamente o futuro que dizemos. O ser humano completo, pessoal e social, está pela consciência ligado a esse fio pleno de sentido, que compromete na ética dando razões sólidas à esperança. Destaque-se a afirmação de um dos maiores inspiradores da esperança do mundo ocidental, Tomás Moro (1478-1535): «o Homem não se pode separar de Deus nem a política da moral».
3. Homem unido a Deus, e política na base da moral: eis mais algumas bitolas de compreensão (?), não meramente dos tempos de crise (palavra que dizendo-se se quer evitar), mas, essencialmente, numa óptica de superação corrigida, aperfeiçoada e construtiva em ordem ao futuro digno e humano para todos. É interessante como um dos grandes proclamadores da esperança actual, Barack Obama, sabe que este valor não cai simplesmente do céu mas constrói-se no empenho da «nova era de responsabilidade». A ética pode mesmo fermentar a esperança!
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário