domingo, 12 de outubro de 2008

O FIO DO TEMPO
O Diálogo Nobel da Paz
1. A mediação e o diálogo foram reconhecidos com o Nobel da Paz 2008. Teoricamente defendem-se os diálogos: ecuménicos, inter-culturais, inter-religiosos, e até estamos em 2008 – Ano Europeu para o Diálogo Intercultural. Na prática concreta, eles continuam a ser olhados com desconfiança, medo e mesmo mesquinhez, como se a aceitação clara do diálogo para determinados sectores da vida das sociedades significasse a perca da própria identidade. Quando tal acontece – e esse receio persiste – estamos diante de identidades fechadas; qual cegueira que impede o aprofundamento do seu essencial, este que gera pontes de entendimento e cooperação com as outras diversidades. A actualidade respira este desejo do diálogo mas também este lento impedimento bloqueador da ilusória segurança.
2. Felizmente a academia elegeu a capacidade de MEDIAÇÃO DE PAZ como digna de mérito, no sublinhar os rasgos máximos da conciliação humana. O professor, antigo presidente finlandês, Martti Ahtisaari, que ao longo de três décadas realizou numerosas mediações (re)conciliadoras em três continentes, tendo sido eleito entre 197 personalidades e organizações, é o laureado deste ano com o Prémio Nobel da Paz. Nasceu na Rússia, a 23 de Junho de 1937 e, diz-se pelo seu percurso, andou desde criança com a mala às costas, como peregrino da reconciliação dos povos e da Paz. Com 71 anos de idade, este Santo dos tempos actuais, coloca no mapa dos destaques internacionais as práticas de diálogo, mediação e cooperação como o caminho…
3. Da nomeação Nobel recorda-se que Martti Ahtisaari teve uma série de sucessos nas mediações de paz tendo sofrido um importante revés, o Kosovo. Também esta mesma realidade sofrida nos ajuda a compreender que os percursos da história não são lineares mas têm recuos e que, por isso, também na complexidade das conjunturas actuais o diálogo como plataforma de encontro superador vale mais que todo o crude do mundo! Seja!

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