sexta-feira, 2 de outubro de 2009

O FIO DO TEMPO
A ciência da República
1. A história do pensamento e acção humanas regista momentos de avanços e recuos. Sendo as grandes descobertas científicas e técnicas autênticas alavancas em ordem ao futuro quer de cada geração quer do longo prazo humano, todavia, será no plano das ideias sociais que tudo se afirma decisivo. O aprender a viver com a diversidade de opiniões numa visão de conjunto social que respeite todos e cada um, sempre foi e será a meta final de qualquer conceito e proposta comunitária conceptualizada numa visão política. A grandeza da distância crítica em relação ao essencial de cada época dará a capacidade de nunca se absolutizar este ou aquele regime, esta ou aquela visão. Ao traçarmos o fio condutor sobre a história da humanidade, vemos regimes atrás de regimes, e tantas vezes os que vêm libertar posteriormente aprisionam…
2. Quantos males têm provido de absolutizações de realidades históricas, quantas ditaduras começando sempre levemente e mesmo por eleição democrática (Hitler foi eleito pelo seu povo) são reflexo do fechamento empobrecedor e indignificante. Os extremismos vários, os fanatismos políticos ou religiosos, as ideologias totalitárias do século passado já nos ensinaram que o “totalitarismo” como absolutismo histórico é contra-natura em relação ao potencial da beleza da diversidade humana… É sábia aquela frase de Winston Churchill (1874-1965) que diz que «a democracia é a pior forma de governo, excepto todas as outras que têm sido tentadas de tempos em tempos.» Neste pensar está-se sempre a repensar, a aperfeiçoar, a não absolutizar o dado histórico…
3. É em plena (nova) campanha e no meio de águas agitadas que ocorre a celebração do 5 de Outubro (de 1910) que pôs fim a um tempo e fez começar outro. Distância crítica em relação à república é bem vinda no sentido de ela ser a forma de governo aceitável não por si mesma mas se realizar determinadas condições… A ciência dos diálogos da República de Platão (séc. IV a.C.) assentava na ética e justiça. E a nossa?

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