quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

O FIO DO TEMPO
Aprender a viver com a crítica
1. É natural que ninguém gosta de receber críticas, mas saber conviver com elas revela-se uma atitude de prova de maturidade e de consciência de que cada dia se está a aprender. O terceiro pilar do relatório da educação para o século XXI, «aprender a viver juntos» continua a ser uma meta a atingir que por este mundo fora insiste em fazer correr muita tinta e infelizmente, também, muito sangue. A imposição das ideias de uns sobre outros, a par do deixar-se “agarrar” à ilusão do poder das coisas ou dos lugares deste mundo, tem sido e continua a ser, um dos grandes entraves à saudável e necessária convivência humana, onde todos temos sempre tanto a aprender uns com os outros.
2. Também é verdade que determinadas responsabilidades são da ordem da confiança, da delegação, implicam a necessária coesão em que se torna bem mais difícil compatibilizar a posição da “diferença” com um pensamento de unidade no essencial. Mas é mesmo aqui que estará o segredo da vivência em sociedade democrática; ninguém tem a verdade absoluta, pois que esta é projecto comum; também ninguém tem o direito de viver continuamente de forma “criticista” pela negativa, como se não existissem valores nas propostas apresentadas por outros. Especialmente quando existem incompatibilidades entre a opção A e a opção B, vem ao cimo a necessidade de uma boa fundamentação, pensada clarificação, aberta transparência, a ordem da racionalidade como justificativo integral. Quando o reinar se vai fechando e de umas paras as outras existe falta de clareza e clarificação, é natural que comece a pairar a desconfiança não como excepção mas como a regra.
3. O Portugal a que chegámos é o país que todos cada dia construímos. A história de Portugal está cheia de momentos de inspiradas aberturas ao universalismo mas também de páginas fechadas às diversidades dos outros; momentos e regimes de forte expansão pluralista e outros que liquidaram os que pensavam diferente. Libertemos a crítica com autocrítica ao novo compromisso!

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