quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

O FIO DO TEMPO
Escutas e valor confiança
1. A última notícia sobre as desconfianças da justiça é reveladora do estado de sítio em termos da estrutura profunda da justiça. A proposta surpreendente vem de quem vem. Não foi um cidadão comum que a sugeriu mas a coordenadora do Departamento Central de Investigação e Acção Penal. Procura-se combater o crime da violação do segredo de justiça com um generalizado e preocupante lançar de suspeita sobre o próprio sistema de justiça. Sentir-se razões para esta proposta faz tremer um país. Este ciclo fechado em que está tornada a “causa da justiça”, revelando incapacidades estruturais demonstra que se torna bem difícil descortinar o caminho da seguir.
2. O verniz parece estalado de vez. O bastonário dos advogados também vem defender escutas a polícias com a finalidade de combater o mesmo mal das fugas ao segredo de justiça. Caminhamos para uma generalização da escuta para tudo e para nada que vai tornar a vida social um preocupante big brother? Esta polémica instalada mostra a ponta do iceberg em que se corre o perigo da generalização da ideia de que não vale a pela lutar por uma sociedade de confiança. O futuro que é aberto por este “escutar” aos que governam o barco da justiça coloca diante do horizonte uma negra nuvem…
3. O valor “confiança” é um valor estrutural para a convivência em sociedade. Talvez as estruturas da sociedade andem sem os essenciais alicerces. Sem o aprofundamento dos valores humanos e da dignidade da pessoa humana, e das vantagens para todos no erguer a confiança como um pilar para haver futuro melhor, sem esta alavanca a “casa” não parece que tenha ordenança possível. Às referências penais propomos mais penalização e desconfiança até á exaustão? Com realismo, haverá futuro sem confiança?

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