quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

O FIO DO TEMPO
A demissão climática
1. É notícia fresca a demissão do negociador chefe da ONU para o clima. O fracasso da Cimeira ambiental de Copenhaga de há dois meses trouxe para o cimo da mesa a verdade dura e crua da dificuldade em implementar a mudança. Yvo De Boer – destacam os que agora o vêm partir para novos desafios – fez um trabalho formidável na política global para a questão das alterações climáticas. A decisão foi «difícil», mas inadiável; De Boer, deixando o cargo a 1 de Julho, vai-se dedicar à outra face da luta pela questão ambiental global: a luta pelo lado educativo e empresarial. Defensor de soluções mais reais que as da lógica política dos princípios teóricos, passará a trabalhar com diversas universidades e deseja envolver empresas e comunidades nos projectos ambientais.
2. A Convenção das Nações Unidas sobre a Mudança Climática, na pessoa de Eric Hall, manifesta a surpresa e estranheza pela notícia da decisão e reconhece-lhe o papel de liderança, apesar de tudo, nos progressos das negociações desta área tão decisiva quanto ao futuro. Yvo De Boer parte da instância suprema das Nações Unidas para trabalhar com o sector empresarial, o que mais polui… Desafio que faz descer os princípios às práticas no acompanhamento real e realista das problemáticas do ambiente. Fica no ar a pergunta sobre se foi a “frustração” da Cimeira de Copenhaga que o conduziu à demissão da responsabilidade assumida nas Nações Unidas.
3. Três ideias força, consideramos, haverá a reter: 1. A verdade da força da liberdade de quem luta pelas causas na sua raiz, nada o deixa prender aos “lugares” importantes; 2. A urgência da aposta educativa que norteará alguém que passou pela experiência das tensões e rejeições da grande Cimeira de Copenhaga, esta resultará em sabedoria que implementará visões e práticas inovadoras; 3. A certeza de que as questões climáticas, na sua urgência global, começam a entrar nesta gama de notícias e “transferências” ainda que elas na demissão mostrem o mau “estado da arte”. Talvez este “safanão” ajude à orientação de um futuro mais sustentável na prática (?)

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