quinta-feira, 18 de março de 2010

O FIO DO TEMPO
Paremos diante de uma poesia!
1. O tempo primaveril está à porta. Se não propriamente as condições climáticas ideais da quadra, no calendário está a chegar a mudança de estação, assinalada a 21 de Março com a entrada na Primavera. Com o brotar rejuvenescedor da natureza, o espírito humano é convidado a elevar-se de forma recriada e poética. É neste nobre relançar de objectivos, também num tempo em que a aproximação à Páscoa ganha um novo fôlego, que o Dia Mundial da Poesia vem propor-nos um tempo de paragem e reflexão. Desde 1999 que a UNESCO colou ao início primaveril a arte literária da poética como atitude de elevação e dignificação.
2. Nos tempos que correm e na agitação da vida, talvez esta seja uma oportunidade rica de valorizar a pausa de poesia como um caminho aberto ao enriquecimento pessoal, como apelo à sensibilidade e ao conteúdo recriador. As pressas da vida num prato da balança precisam do outro lado da necessária temperança reequilibradora para a qualidade de vida que se apregoa ter efectivamente alma e chama. Ao olharmos e mesmo diante da riquíssima diversidade de culturas e religiões, diante da opção (ou não) de cada um por esta ou aquela perspectiva; dentre essas a opção por uma visão cristã da vida e da história humana em sociedade…diante de todas as hipóteses de construir um caminho, ou mesmo para quem nem sequer coloca qualquer hipótese, a poesia como caminho de pensamento e identidade faz bem e dá saúde.
3. Como na era dominante e dominada (ou mesmo domada) pelas tecnologias, de que modo propor-se à revalorização da “palavra” e nesta da ideia e “palavra poética”? A poesia, como reflexo de interioridade, é muito mais que palavra que flui; reflecte o ser, a alma, o sentir, a transcendência de que a existência é capaz. Como dizia o célebre cientista teólogo, Teilhard de Chardin (1881-1955), «tudo o que sobre converge». Talvez este mundo apressado precise bem mais de subir em níveis de reflexão e sabedoria humanística para poder convergir no essencial da condição humana.

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